quarta-feira, 22 de abril de 2009

REVISTA: MARIE CLAIRE


Além de temas historicamente femininos e da abordagem sobre moda, saúde e bem-estar, a revista se dedica à construção da nova identidade feminina e traça parâmetros de mulheres bem sucedidas, seja no mundo dos negócios em profissões tradicionalmente femininas ou aprimorando talentos reconhecidamente femininos. Não foge das dicas de beleza, das tendências da estação e de temas considerados “fúteis” das revistas voltadas para o público feminino , mas nas reportagens especiais é capaz de surpreender.

LIVRO: MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS


Abordando 19 mitos, lendas e contos de fada, como a história do patinho feio e do Barba-Azul, a autora mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Segundo a analista, a exemplo das florestas virgens e dos animais silvestres, os instintos foram devastados e os ciclos naturais femininos transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações "psíquico-arqueológicas" nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher.

FILME: MULHERES PERFEITAS


Joanna (Nicole Kidman) é uma executiva bem-sucedida que, após o fracasso de um reality show idealizado por ela, é demitida e sofre um colapso nervoso. Para descansar seu marido (Matthew Broderick) a leva para uma cidade do interior, Stepford, localizada no subúrbio de Connecticut, juntamente com seus dois filhos. Lá ela faz amizade com Bobbie (Bette Midler) e começa a notar uma estranha coincidência: todas as esposas do local obedecem com grande dedicação aos seus maridos, parecendo felizes com a situação. Joanna começa a investigar o caso e descobre a existência de um plano que evita os problemas familiares.

Ser profissional ou mãe? Dona-de-casa ou dona da casa? O que querem as mulheres hoje?


O CN vai em busca das respostas e encontra um novo perfil de mulher, diferente da geração passada, mas ainda

Gracieli Polak
CANOINHAS


Casar, ter filhos, cuidar da casa e do marido era o sonho de maioria das mulheres décadas atrás. Sonho concretizado por gerações que atualmente são mães e avós de jovens que hoje já não pensam a condição feminina preparada somente para ser “rainha do lar”, mas também não querem abdicar dos filhos, da família e das características historicamente femininas. Ninguém mais quer ser dona-de-casa, mas, o que querem as mulheres de hoje?
As jovens entrevistadas pelo CN Mulher para esta edição afirmam que, em meio a todas as dificuldades, o “meio termo” entre e o passado e o presente é o que todas buscam.

Paula Salvatti Mattos, Cláudia Chaves Conzatti, Mauren Lavina Godoy e Sueli de Lima se reúnem todos os finais de semana, depois de uma semana exaustiva trabalhando como professoras em escolas da rede pública de ensino e, em comum, além do curso superior, discutem questões ligadas à administração da casa ou as peripécias dos filhos. Profissionais, mães ou esposas enfrentam jornadas múltiplas e se dizem realizadas. Ou quase: ainda falta um pouquinho.

PROFISSÃO: MATERNIDADE
Paula tem 28 anos, é casada há cinco, mas ainda não tem filhos. Formada em Relações Públicas, afirma não ter encontrado espaço para si no mercado de trabalho e, no sonho de ser professora, encontrou motivação para investir na segunda faculdade. Desde o começo do ano letivo, trabalha dando aulas de artes para crianças e, mesmo há pouco tempo no ramo, afirma estar se realizando na profissão. “Na arte eu me encontrei como profissional mulher, porque hoje que eu estou dentro de uma sala de aula todos os dias eu percebo que é aquilo o que realmente quero. É o meu sonho, o meu ideal, poder passar para meus alunos aquilo que estou aprendendo. Para mim, é mais do que trabalho, é aquilo que a gente espera alcançar”, afirma. Para Paula, casamento e profissão caminham juntos e, depois de acertadas estas questões, o filho deve vir para coroar isso tudo. “Filho é amor incondicional, transcende qualquer sentimento. Acho que toda mulher busca isso. Eu me sinto preparada para isso, quero muito, mas agora não posso”, explica.
Cláudia, aos 34 anos, também é casada, mas, diferentemente de Paula, tem dois filhos ainda crianças. Formada em História, a professora se equilibra no salto para conciliar as múltiplas jornadas, mas acredita que é a fusão entre as diferentes atividades que faz com que ela se realize como mulher. “É preciso muito equilíbrio entre o trabalho e relacionamento em casa, embora não seja fácil. E tem de ter uma paciência que eu não sei de onde tiro, porque são 40 alunos a cada 40 minutos na escola, depois são afazeres da casa, é preciso dar apoio ao marido, cuidar dos filhos...Você não pode chegar em casa estressada. Não dá. Até mesmo porque você, a mulher, não tem, assim, um trabalho: tem um trabalhinho”, se diverte Cláudia.
A professora, mãe, explica que a maternidade é capaz de nortear a vida das mulheres, porque, a partir do nascimento dos filhos, as concepções sobre o mundo e a motivação para viver passa a ser o futuro deles. Hoje, sua realização depende dos filhos e a volta aos estudos é um fator considerável para isso, porque estimula as crianças a aprender cada vez mais. “Meu filho me pediu, nas férias, para ir a um museu. Ele vê quadros do Van Gogh e demonstra interesse, se interessa pelo universo que eu mostro. Só isso já faz valer a pena”, revela.
Mauren, aos 24 anos, é mãe de uma criança de dois e hoje também coloca a filha como prioridade central na sua vida, antes mesmo da estabilidade financeira. Para ela, a maternidade vem em primeiro lugar, embora trabalho e marido sejam fundamentais para que ela se realize. “Eu, como já tenho filho e sou casada, busco realização profissional. Acho que isso é fundamental hoje, essa independência financeira. Isso dá liberdade, mas ao mesmo tempo torna a rotina complicada, faz faltar tempo, mesmo o trabalho sendo fundamental. A rotina dentro de uma sala de aula é estressante e quem vê de fora não entende isso, não consegue dar o real valor, mas a gente insiste, vai em frente. Trabalhar é bom, mas a felicidade não é só isso”, explica.
“Às vezes é preciso analisar até que ponto vale essa correria. Bate a culpa por não estar sendo uma mãe presente, uma esposa atenciosa... É complicado”, revela Cláudia. Questionadas se gostariam de voltar no tempo ou abrir mão do trabalho, a resposta é negativa, em coro. “Dá vontade de voltar no tempo, mas só por um pouquinho. Eu não suportaria ser só a dona-de-casa. De jeito nenhum a gente quer só o que tinha antes”, ressalta Cláudia.


AMOR?
Trabalhar é preciso, ser mãe é necessário. Casar é opcional?
Não, casamento ainda é prioridade, de acordo com as entrevistadas. “Se hoje eu fosse planejar de novo o começo da minha vida, eu queria ter minha estabilidade financeira, depois os filhos e depois o marido”, revela Cláudia. “No meu caso seria a estabilidade, o marido e depois o filho”, rebate Paula.
Sueli, a mais jovem das entrevistadas, aos 21 anos inicia sua carreira profissional. Mãe há nove meses, afirma ter mudado suas concepções de mundo, à medida que o filho foi se tornando uma realidade em sua vida mas ainda sente falta de algo. A jovem, solteira, acredita que encontrar um companheiro para dividir as responsabilidades é absolutamente fundamental. “Mas tudo ao seu tempo. Agora eu não quero isso, mas espero casar, ter um companheiro para toda a vida assim que outras questões sejam resolvidas, assim que eu tiver liberdade financeira, por exemplo”, revela.
Segundo as entrevistadas, a questão fundamental que norteia os pensamentos femininos é a conquista da liberdade e as maneiras de administrá-las. “O que as mulheres querem? Elas querem tudo aquilo que tinham antes e um pouco mais”, afirma Mauren. E, muitas vezes, o mesmo de sempre. “Toda mulher quer viver um grande amor, um verdadeiro amor, independente de ter espaço no mercado de trabalho e poder ser uma profissional de sucesso. A gente quer casar, quer ter filho, isso ainda é fundamental”, conclui Paula, apoiada pelas colegas.